Ilha de Marajó: maior ilha fluviomaritima do Brasil

A Ilha de Marajó, pertencente ao Estado do Pará, ainda é pouco explorada como destino turístico pelos brasileiros. Nos perguntamos, por muitas vezes, se esse fato seria pelo difícil acesso ou por falta de informação sobre o local.  Ao pesquisar no Google verificamos que muitos dos relatos sobre a ilha falam de praias e dos famosos búfalos, que são os grandes atores desse espetáculo que é o Marajó. Nada muito além disso…

Apesar de termos encontrado mais gringos do que brasileiros por lá, percebemos que o Marajó vai além de búfalos e praias. Há uma variedade cultural que envolve o búfalo, claro, como a produção do queijo ou as peças de couro do animal, bem como a gastronomia com o famoso filé a marajoara – filé de búfalo com queijo de búfala.

Mas, há também artesanato local, da mescla cultural de índios, portugueses e franceses que ajudaram a colonizar essa região do Brasil. Além de também fazendas incríveis que preservam grandes igarapés, animais da região, mangues… É um verdadeiro oásis que o brasileiro não pode deixar de conhecer!

Os búfalos…

Ver os búfalos soltos pela primeira vez ao adentrar em Salvaterra (porta de entrada do Marajó para quem vai de balsa) é uma emoção tremenda nos primeiros dias. No começo a gente fica receoso de chegar perto deles, mas depois, são tantos búfalos, que você até já faz amizade.

Búfalo da Raça Mediterrâneo / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Búfalo da Raça Mediterrâneo / Crédito: Ana Elisa Teixeira

A história da chegada dos búfalos ao Marajó é interessante e incerta. Dizem que foi em 1895 que os primeiros búfalos vieram da Itália e chegaram em Soure (capital da ilha) e foram conquistando a população local que começou a trocar o gado comum pelos bichinhos. Hoje há mais búfalos do que gente na ilha e uma boa parte da econômica da ilha depende deles.

Búfalo da raça Carabal é a mais comum da ilha / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Búfalo da raça Carabal é a mais comum da ilha / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Há outras histórias que não têm relatos e somente suposições…

A Guiana, que está bem próxima à ilha, era presídio da Europa, e para retirar madeira da região alguns refugiados eram mandados à ilha de Marajó. Dizem que para ajudar na carga pode ter vindo um búfalo de brinde nessa viagem. Suposições ou não, o que sabemos é que o Marajó é o reduto dos búfalos.

Bebê búfalo / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Bebê búfalo / Crédito: Ana Elisa Teixeira

São 4 raças, sendo a Raça Mediterrânea e a Raça Carabal as mais comuns na ilha. Ambas as raças são provenientes da região da Indonésia e Filipinas.

Entre cerâmicas marajoaras…

Ir ao Marajó e não visitar uma fábrica de cerâmica marajoara é como ir a Ouro Preto e não comprar uma gema da região. Os artesões são tão fiéis a cultura local que fabricam peças completamente idênticas a dos seus antepassados.

Cerâmica Marajoara / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Cerâmica Marajoara / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Artesão Ronaldo Guedes mostra a fabricação das peças / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Artesão Ronaldo Guedes mostra a fabricação das peças / Crédito: Ana Elisa Teixeira

As fábricas artesanais, como o Atelier Arte e Mangue Marajó, coletam a argila, fazem a modelagem, colem material para a tintura e pintam as peças. É um trabalho totalmente artístico que você pode acompanhar de perto.

Trabalho artesanal do Arte e Mangue Marajó / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Trabalho artesanal do Arte e Mangue Marajó / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Trabalho artesanal do Arte e Mangue Marajó / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Trabalho artesanal do Arte e Mangue Marajó / Crédito: Ana Elisa Teixeira

E, claro, comprar peças que variam de preço. É possível achar cerâmicas de até 20 reais. Tudo depende do tamanho e tipo.

O importante é levar dinheiro em espécie, por que o sinal de telefone por lá é duvidoso e nem sempre tem máquina de cartão de crédito ou débito funcionando.

Peças semi acabadas do Arte e Mangue Marajó / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Peças semi acabadas do Arte e Mangue Marajó / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Compre peças na Arte e Mangue Marajó / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Compre peças na Arte e Mangue Marajó / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Couro de búfalo em fábrica local

Vale também uma passada no Curtume Arte e Couro Marajó que está na ilha há 70 anos. Você pode tanto ver o procedimento de como são feitas as peças de couro de búfalo, como também, só comprar algumas peças como sandálias, bolsas e cintos.

O couro é maleável, de qualidade e o preço é ótimo. E, não se esqueça de levar dinheiro em espécie.

Bolsas de couro / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Bolsas de couro / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Sandálias de couro / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Sandálias de couro / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Artesanato sustentável

A Associação Educativa Rural e Artesanal da Vila de Joanes (AERAJ) é uma oportunidade para conhecer um artesanato totalmente sustentável voltado para coletas no mar, rio e amazônia paraense.

São bijuterias, cortinas, luminárias e enfeites decorativos para casa. Todo material sustentável coletado no chão nas regiões da ilha e você pode comprar para levar para casa. Ah, a loja também não aceita cartão. Saiba mais sobre os artesanatos  da AERAJ e veja mais fotos das peças aqui.

Cuias pintadas a mão. Trabalho artesanal na Vila de Joanes, na Ilha de Marajó / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Cuias pintadas a mão. Trabalho artesanal na Vila de Joanes, na Ilha de Marajó / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Ruínas de Joanes

Foi na  Vila de Joanes que começou a Ilha de Marajó e ainda é possível visitar as ruínas com paredes que pertenciam a Igreja Nossa Senhora do Rosário construída no período da missão dos Jesuítas portugueses em 1716.

Ruínas de Joanes / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Ruínas de Joanes / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Dá para ter uma ideia de como era a igreja quando ainda estava em pé. Não há relatos do por que ela não existe mais, mas as ruínas também tornam a visita bem interessante.

Ruínas de Joanes / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Ruínas de Joanes / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Fazendas em Soure, capital do Marajó

As fazendas que criam búfalos e abrem suas portas para o turismo são as grandes atrações da capital da ilha, Soure. Como se tratam de propriedades particulares é necessário agendar a visita antes por telefone ou e-mail.

Há travessias montados nos búfalos, passeios de canoa pelos igarapés, apreciação do mangue e da flora e fauna local. Além de também poder provar da gastronomia regional e caseira e levar um queijo de búfala do Marajó para casa.

Passeio de búfalo na Fazenda São Jerônimo / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Passeio de búfalo na Fazenda São Jerônimo / Crédito: Ana Elisa Teixeira

A gastronomia da Ilha de Marajó

O filé marajoara é o grande carro chefe de toda a ilha. Qualquer restaurante seja na praia ou nas cidades, você encontrará esse filé que consiste em carne de búfalo com queijo de búfala derretido em cima. Os temperos variam de lugar, mas é sempre uma delícia.

Filé a Marajoara servido na Pousada dos Guarás / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Filé a Marajoara servido na Pousada dos Guarás / Crédito: Ana Elisa Teixeira

O acompanhamento também varia. Pode ser arroz com jambu, arroz com muito coentro, feijão e macarrão. Depende do local escolhido. Tem alguns que até vem com molho de tomate por cima.

Mas, você também encontra outros pratos paraenses e brasileiros por lá, como um delicioso camarão rosa com farinha d’água (a boa e velha farinha de mandioca paraense) e claro, o açaí que tanto amamos!

Camarão rosa empanado com farinha de mandioca ao fundo / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Camarão rosa empanado com farinha de mandioca ao fundo / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Açaí com farinha / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Açaí com farinha / Crédito: Ana Elisa Teixeira

Como chegar à Ilha de Marajó?

Partindo de Belém é necessário fazer a travessia que dura 3 horas e 30 minutos se for de balsa e, 2 horas se for de lancha.

Quem está de carro ou está a pé e quer economizar (passagem custa R$14 para quem está a pé), tem que ir de balsa a partir de Icoaraci com destino final no Porto de Camará no município de Salvaterra na Ilha de Marajó com 3 horas e 30 minutos de viagem.

A balsa tem ar condicionado, cadeiras com a possibilidade de ir assistindo televisão, porém os assentos são pouco confortáveis.

A viagem para o passageiro de carro custa pouco menos de R$200 pois é necessário pagar um valor para o carro e outro para os passageiros. Tudo depende do tipo de carro e a quantidade de pessoas.

Se for de carro é importante comprar as passagens com antecedência e confirmar os horários de saída dos barcos antes da compra.

Caso queira mais conforto e esteja a pé, o ideal é ir pelo Catamarã Tapajós Expresso recém-inaugurado que faz o trajeto em 2 horas. A lancha sai do terminal hidroviário de Belém e tem como primeira parada Soure. A lancha também vai para Salvaterra após parada em Soure em um percurso que dura cerca de 20 minutos.
Com capacidade para 132 passageiros em poltronas confortáveis, a viagem de lancha custa R$48 por pessoa e mais R$2 do seguro viagem, que não é obrigatório. Ela tem ainda internet wi-fi gratuita, serviço de bar e lanche.

Horário de funcionamento: Saída de Belém todos os dias, às 8h e volta sai de Soure de segunda a sexta, às 14h30 e aos sábados e domingos, às 16h.

As opiniões aqui citadas são da Editora que esteve no Pará por 10 dias para um trabalho incrível em comemoração aos 400 anos de Belém com o site Diário do Turismo. Você pode acessar a Revista Digital do Diário aqui.

O portal e revista digital Viagens e Rotas respeita a apuração do conteúdo de matérias e notas aqui publicadas para o leitor desse site com ética e profissionalismo. Leia os Termos e Condições

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2 comentários

  1. Excelente matéria sobre Marajó, muito obrigado por ajudar na divulgação. Gostaria apenas de uma correção, Marajó é a maior ilha do Brasil, independe se fluvial ou marítima. Ela é a maior fluvio-maritima do mundo, mas é justamente esse “maior do mundo que a afasta do resto do Brasil”, sendo assim seria mais benéfico que você utilizasse simplesmente o título de “Maior Ilha do Brasil”

    1. Ana Elisa Teixeira respondeu Gelderson Pinheiro

      Olá Gelderson,
      Obrigada pelo comentário. Ficamos felizes que gostou da matéria.
      Com relação ao ênfase para o fluviomarítima é em razão das pessoas não saberem o que cercam a ilha. Fora que no Brasil eles dividem os tamanhos por ilhas fluviais, marítimas e fluviomarítima. 🙂