Conheça o Festival do Çairé: fé e folclore que encanta em Alter do Chão (Pará)

Alter do Chão, distrito de Santarém no Oeste do Pará, é conhecida pelo turismo quando falamos em belíssimas praias. As praias de água doce, na vila de Alter, foram consideradas as mais bonitas do Brasil pelo jornal britânico The Guardian.

O que muitos não sabem é que é em Alter do Chão que acontece um dos principais festivais folclóricos religiosos do Brasil. O Çairé (ou português correto, Sairé) , uma festa que também é uma manifestação que mistura elementos religiosos e profanos, proveniente de origens indígenas e lusitanas. O Festival do Çairé (Sairé) é considerado o melhor para as vendas e turismo na região e a pequena vila chega a receber mais de 25 mil pessoas durante o período da festa.

Fomos convidados a acompanhar a Festa do Çairé deste ano e foi uma experiência extremamente emocionante e enriquecedora. Ainda mais levando em consideração que nunca tínhamos ouvido falar do Festival e da importância que ele tem nessa região do Norte do Brasil.

O que nos deixou mais impressionados, foi o fato dessa parte do Brasil ainda dar importância para uma cultura extremamente regional que é, muitas veze,s esquecidas pelos brasileiros. Foi muito gratificante relembrar as lendas folclóricas brasileiras que ouvíamos quando criança.

Acompanhe nosso relato sobre o Çairé e entenda por que vale a pena se programar para vivência-lo em Alter do Chão

…primeiro dia do Festival do Çairé

O Festival do Çairé tem uma história de mais de 300 anos e sua duração é de 5 dias. Nós participamos, na quinta-feira, da abertura do Çairé que começa com a primeira e principal procissão pelas ruas de Alter do Chão. Nessa procissão, podemos observar os personagens: Capitão, Juíza, os Mordomos e a Çaraipora.

Crédito: Ana Elisa Teixeira

A procissão é a simulação de um barco, inspirado na Arca de Noé. O Capitão que comanda, vem com a espada e se veste como um marinheiro. Enquanto a Çaraipora é a senhora que leva o Arco do Çairé (semi-circulo que simboliza a Santíssima Trindade). Tanto a Capitão quanto a Çaraipora ficam durante anos com o título e, normalmente, seguem uma tendência familiar.

Santíssima Trindade | Crédito: Ana Elisa Teixeira
Abertura oficial | Crédito: Ana Elisa Teixeira

Os mastros do Çairé também acompanham a procissão. Após a cerimônia de abertura começa o processo de enfeitar os dois mastros com frutas regionais, folhas e uma garrafa de cachaça.

Crédito: Ana Elisa Teixeira

Homens e mulheres disputam os mastros separadamente e após o enfeite é feito o hasteamento de dois mastros. Quando os mastros ficam em pé o Çairé começa propriamente!

Crédito: Ana Elisa Teixeira
Mulheres | Crédito: Ana Elisa Teixeira
Homens | Crédito: Ana Elisa Teixeira

O mastro é tirado do Morrãozeiro que é usado na cultura indígena representando a festa da Colheita, por isso o levantamento do Mastro. Os totens são enfeitados com folhas, cachaça e frutas e fica estiado por 5 dias até o fim do Çairé.

Crédito: Ana Elisa Teixeira

Festival dos Botos ou Batalha dos Botos

Depois do momento religioso, chegou a hora de celebrar o ato profano que ganha destaque nessa festa paraense. Com muito carimbó, a parte profana da festa do Çairé acontece no Çairódromo, uma arena onde se apresentam as agremiações folclóricas Boto Tucuxi e Boto Cor de Rosa. A intenção da competição é destacar, de forma respeitosa e singular, as tradicionais lendas da região amazônica, com destaque para a lenda do Boto.

Crédito: Ana Elisa Teixeira

Você conhece a lenda do Boto?

Um boto cor de rosa sai dos rios nas primeiras horas das noites de festa e com um poder especial, se transforma em um lindo homem vestido com roupas brancas.

O detalhe principal é que esse lindo homem usa um chapéu branco para encobrir o rosto e disfarçar o nariz de boto. Frequentando festas, ele se comporta como um homem normal e começa a se aproximar das jovens solteiras para seduzi-las. O que faz com êxito!

Crédito: Ana Elisa Teixeira

Durante essa sedução o boto, agora homem, convence as mulheres a darem um passeio no fundo do rio, local onde ele costuma engravidá-las. Após a passagem da noite, o homem volta a ser o boto.

Como funciona o Festival dos Botos?

Muito parecido com um bloco carnavalesco, mas apenas voltado para os botos Tucuxi e Rosa, ele teve início na década de 90 com a intenção de deixar o evento mais glamouroso.

Como são somente os dois botos, a ideia é que um seja escolhido para torcer em todos os Çairés. As arquibancadas são divididas com cada boto de um lado e durante a apresentação os torcedores interagem com os participantes da festa.

Torcida Boto Rosa | Crédito: Ana Elisa Teixeira
Torcida Boto Tucuxi | Crédito: Ana Elisa Teixeira

Escolhi torcer para o Boto Rosa, que também foi o vencedor do Çairé 2019. A energia da batalha é contagiante visto que quando um boto se apresenta, a outra torcida fica completamente em silêncio para assistir o espetáculo do rival.

Todo ano é escolhido um tema e o grande ápice da apresentação é o momento que o boto aparece para seduzir a cabocla e assim cumprir a lenda. Há muita presença do ritmo carimbó que é um dos principais do Pará. Inclusive o melhor carimbó também é julgado bem como fantasias, alegorias, tema, torcida, entre outros.

Crédito: Ana Elisa Teixeira

A agremiação rosa venceu esse ano com o tema “Alter do Chão, berço da vida”, tendo como principal mensagem a preservação do maior aquífero de águas doces do mundo. Enquanto a agremiação tucuxi defendeu o tema ‘Resistência Borari’, luta e resistência do povo Borari, povo nativo da vila balneária que resiste em diversos aspectos. Assim como o Carnaval, o Festival dos Botos também tem algumas rainhas que representam algumas particularidades da região –  Sairé, Lago Verde e Artesanato.

Crédito: Ana Elisa Teixeira
Crédito: Ana Elisa Teixeira
Crédito: Ana Elisa Teixeira
Crédito: Ana Elisa Teixeira
Crédito: Ana Elisa Teixeira
Crédito: Ana Elisa Teixeira
Crédito: Ana Elisa Teixeira

Último dia do Çairé

No último dia, na segunda-feira, ocorre o fim da festa com a derrubada dos mastros.

A ideia é reunir homens e mulheres para testar a força para a derrubada dos mastros. São divididos dois grupos, por sexo, entre moradores e visitantes. Assim são dadas machadadas nos totens e, quem derrubar o primeiro, é o vencedor.

Crédito: Ana Elisa Teixeira

As machadas são dadas uma a uma e respeitando a “fila dos sexos”.

Quer saber mais sobre o Festival do Çairé? Deixe seu comentário abaixo!

O blog Viagens e Rotas viajou para Santarém e Alter do Chão, no Pará, para vivenciar o Çairé ou Sairé a convite da Prefeitura de Santarém, por meio da Secretaria Municipal de Turismo (Semtur), em parceria com o Governo do Estado do Pará e da Secretaria de Estado de Turismo (Setur)

Ao se hospedar no período do Çairé é mais do que fundamental reservar hotéis ou pousadas com antecedência. Alter do Chão e Santarém costumam ficar lotados nessa época festiva. Reserve seu hotel em Alter do Chão aqui.

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1 comentário

  1. Daiany Azevedo

    Amei o festival do caire😍😍